Brigada de obras de arte confiscou obra pictórica numa leiloeira de Lisboa

Auto-retrato de Aurélia de Sousa

Uma pintura com a assinatura, supostamente falsa, de Aurélia de Sousa foi apreendida, na segunda-feira, pela Brigada de Obras de Arte da Polícia Judiciária do Porto. A obra iria ser exposta para venda numa leiloeira da cidade de Lisboa, pelo valor de 3 500 euros, informou a PJ, que prossegue investigações "no sentido de apurar os contornos quanto à autoria da possível falsificação e de circuitos comerciais percorridos".
O DN sabe que há uns anos houve um surto de pinturas falsas da mesma artista plástica mas, segundo a directoria do Porto, já há muito que tal não acontecia. A obra agora apreendida, ainda sem qualquer assinatura, já teria estado colocada para venda numa outra leiloeira, mas na cidade do Porto, pelo valor bem mais baixo de 50 euros.
Delfim Torres, coordenador da investigação criminal, disse ao DN que até ao momento tudo indicia que nenhum dos leiloeiros tinha conhecimento da falsificação.
Ainda não está apurado se a obra pictórica apreendida foi falsificada na totalidade ou se terá sido apenas a assinatura. "Apesar de ser um tema querido da autora [uma pintura naturalista, uma paisagem com uma figura feminina num espaço rural, temas que foram desenvolvidos por Aurélia de Sousa], não há nenhuma obra conhecida idêntica, temos que apurar mais em pormenor", explicou Delfim Torres, acrescentando que um dos próximos passos é tentar determinar a autoria da falsificação.
"Sabemos onde aparece, onde esteve, terá sido nesse intervalo que foi falsificada. A obra em si já terá alguma antiguidade mas a assinatura é recente", conclui o coordenador de investigação criminal.

Uma estética própria
Filha de emigrantes no Brasil e no Chile, Aurélia de Sousa (1866-1922) nasceu em Valparaíso, no Chile, mas a família instalou-se no Porto quando tinha três anos. Estudou na Academia de Belas Artes do Porto e frequentou cursos em Paris. No contexto do Naturalismo português, a artista demarcou-se por uma estética bastante individualizada, distanciando-se do padrão naturalista através dos auto-retratos, onde os especialistas dizem evidenciar uma plástica e poética próprias, num processo de indagação pessoal.

Parte da sua obra encontra-se hoje no Museu Nacional de Soares dos Reis e na Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, ambos no Porto.

Kommentare

  1. Enfim, sem grandes comentários, a corrupção marca a ordem do dia... não só em Portugal. Diria que corremos o risco de voltar à barbárie.
    É urgente recurperar Valores Universais que andam um pouco esquecidos... entre eles a honestidade de carácter.
    Um caloroso abraço à entrada do fim de semana.

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  2. Olá Teresa!

    Concordo com a Fátima André é urgente recuperar a honestidade de carácter!

    Também concordo com o teu comentário no Mello. Há muitos bons amigos e na vida conhecemos pessoas maravilhosas, outra nem tanto, mas tudo faz parte do ciclo da vida.

    Beijinhos da amiga, que está no meio do Atlântico,

    Graça Mello

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  3. É lamentável que estas coisas aconteçam, e cada vez com mais frequência, "temos" que proteger os artistas.
    No fim eles são a cultura de um país.
    Bom fim de semana e abraço

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