O primeiro final da história de Antonio Manuel Silva Pais

(...) A rapariga conteve a respiração,agarrando-se ao pescoço daquele sujo e fedorento agiota, e com determinação beijou-o naquela bocarra nojenta, exalando um hálito de cano de esgoto, esfregando a sua língua na dele, deixando o agiota endoidecido de desejo. Atirou-se juntamente com ele para o chão, esfregando-se nele até sentir o seu membro rijo e descontrolado. O tonto do agiota perdeu de todo o controle e deixou-se levar pelo êxtase. Entretanto, a rapariga, prendendo-lhe os movimentos físicos e aproveitando a sua fragilidade de macho sentindo-se tão desejado, com uma das mãos apanhou dois seixos brancos do chão, conseguindo efectuar habilmente a troca pelos seixos negros, que atirou para longe. Depois, levantou-se repentinamente, havendo o agiota seguindo-lhe o gesto, mas, porém, louco e descontrolado. Os dois ficaram imóveis, de pé, frente a frente. Ela encostou a sua delicada e alva face na dele, murmurando-lhe: "-Não! Aqui não! Vamos até à cabana abandonada que fica situada ali em baixo, no bosque". Porém, antes de prosseguirem, fez questão de tirar à sorte o seixo que determinaria a sua sorte e a do seu atormentado pai devedor.
O agiota aceitou, fervilhando de desejo. Os seus olhos estavam esbugalhados e as faces haviam-se tornado rosadas em consequência da agitação sanguínea. Então, aceitou não esperar mais e agarrou naquela mãozinha de cera, ajudando à sua introdução no saco. E, como se dum truque de magia se tratasse, de lá saíu um seixo branquinho como um pedaço de neve. O pai agarrou-se à filha querida, chorando de comoção, escorregando-lhe pesadamente nos braços em consequência dum enfarte fulminante. Ainda conseguiu proferir, de maneira quase imperceptível: "-Teu pai ama-te...meu anjo...".
THE END

António

Kommentare

  1. Olá "Malvada" Teresa
    Que desafio! Àquela hora eu confesso que fiquei petrificado. Mas, antes de me deitar, pensei que, tendo o privilégio de ser escolhido, e partindo o desafio da Teresa, não dormiria descansado se não o enfrentasse. Não sei se me saí bem, se correspondi às expectativas, mas fiquei muito feliz por o ter visto publicado.
    O desafio era muito difícil.
    Gostei imenso dos outros dois que já li. Que imaginação têm as suas amigas, hein? Estão, decerto, de Parabéns.
    E, afinal, o prémio quando vem? É uma bola de Berlim?
    Beijinho com ternura.
    António

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