Uma outra história do Artista Maldito

Esta história verídica passou-se, algures, na Cornualha. O pai e filha viviam perto do mar, onde os negros rochedos de granito são batidos por um mar abrigado pelas escarpas altas e, onde se disseminam ruínas de um passado de portos de abrigo. Comerciante de objectos de cobre, o seu negócio já tinha visto melhores dias. Esta história reporta ao século XIX, em que a moral vitoriana estava no seu auge. O suposto pai da rapariga tinha uma loja nos anexos da sua casa, uma "cottage" à beira de uma estrada bordejada de narcisos e lírios.
Hoje ainda existe, nesse lugar, a casa do comerciante, transformada em habitação de turismo. Quem a administra é Isobel, casada com The Earl of St. Austin.

Envolta em mistério, esta história tornou-se uma lenda na região e os retratos dos bisavós de Isobel encontram-se pendurados no acolhedor hall da cottage, a que posteriormente, se adicionaram outras dependências, destinadas aos turistas que inundam esta pequena e acolhedora vila, cercada por minas de caulino, entretanto votadas ao abandono.
Mas a história de contornos dramáticos não é mais do que uma versão de outra menos conhecida.
Conta a anfitriã da casa, que pertenceu aos seus bisavós, ter sido uma versão algo sublimada de uma história de amor, ente duas pessoas que guadavam um segredo, mais tarde revelado pelos próprios.
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A rapariga era uma mulher linda e pura, de cabelos ruivos, cujo temperamento tinha sido temperado pala paisagem pitoresca da região. Pai e filha viviam na mais estreita intimidade, partilhavam o mesmo quarto, a mesma cama, viviam apartados da maledicência dos vizinhos e do puritanismo vitoriano.
O agiota que era um forasteiro, oriundo de Portugal e chegara à Cornualha há pouco tempo, estava habituado aos escorregadios meios da política. Era um conhecido ladrão, impostor e agiota. Contam-se inúmeras histórias de chantagens e extorsão, entre as melhores famílias portuguesas.
Perante a proposta do agiota, a rapariga não perdendo o domínio da situação, concordou em se lhe entregar, um corcunda de olhar estrábico e lascivo.
O pai da rapariga sem saber o que fazer seguiu-os pelo caminho que conduzia a uma mina abandonada, perto das escarpas. Entretanto pelo caminho, apareceu-lhe um celta que por ali vagueava há 200 anos. Sabendo do sacrifício de pai e filha, resolveu intervir. Pediu ao comerciante que o deixasse incarnar no seu corpo e a sua filha seria salva. Sem solução, o comerciante acedeu e o fantasma dirigiu-se à mina abandonada. Quando lá chegou já a rapariga estava nos braços do corcunda, mas os seixos que estavam no saco foram substituídos, no caminho, sem que o vesgo agiota se desse conta, por uma cobra venenosa. Assim que o agiota estava já em ponto de pérola, a rapariga com uma voz doce e sensual pediu-lhe que retirasse um seixo, pois sentia-se perdidamente atraída pelo energúmeno. O idiota, pensando que ia consumar os seus desejos, meteu a mão no saco e foi mortalmente mordido pela cobra.
Quando morria em agonia, a cobra transformou-se no belo celta, que não era mais do que o pai de Isobel. Deste modo os dois amantes passaram a viver e a amarem-se de modo natural e o incesto que tinham praticado, enquanto foram pai e filha, foi regenerado por um grande amor, de que nasceram duas meninas, uma das quais, também ruiva e avó da mulher do Conde de St. Austin.

Kommentare

  1. Olá Teresa

    Faça o favor de se pôr bonita na mesma. Teresa eu sinto-me muito cansada, preciso descansar e pensar que tema escolher para o doutoramento. Esse é o meu objectivo, de momento, e quando faço qualquer coisa vou fundo. Mas vou continuar a ir aos meus amigos comentar e kakaducar. Acho que a minha missão no blog terminou, tomei-o como projecto e os projectos têm um fim. Não sou capaz de fazer nada por hobbie, apenas. E depois ainda tenho por resolver este problema do papo, que começa a chatear. Queria ver-me livre dele. Estou cansada.

    Beijinhos e divirta-se, por favor.
    Isabel

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  2. Bom final, mais esotérico e burilado!

    Saudações aqui do vendaval alfacinha!

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  3. História interessante.
    Quanto ao meu desafio, ainda podes participar, pois só começou ontem...
    Aguardo então o teu poema favorito..
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Teresa acabei por não conseguir ter tempo para o desafio, com tanta coisa a tratar.
    Mas agora vim por causa da Isabel.
    Vamos deixá-la ir embora????
    Acho que não, mas como ela deve ter muita personalidade vai ser difícil.
    Todos partem que maçada!!!
    Beijos até logo, fiquei +pior com a notícia porque ainda não tinha visto.
    Isabel

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  5. fiz um texto que gostaria que divulga-se... Chama-se "Ilha das Flores", está no meu blog...

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