Estreia hoje, sexta-feira, às 21.30 horas, no Teatro Nacional de S. João, no Porto, a peça "Breve sumário da história de Deus"

de Gil Vicente encenação e cenografia Nuno Carinhas figurinos Bernardo Monteiro desenho de luz Nuno Meira desenho de som Francisco Leal voz e elocução João Henriques apoio dramatúrgico Pedro Sobrado apoio linguístico João Veloso interpretação Alberto Magassela, Alexandra Gabriel, António Durães, Daniel Pinto, Joana Carvalho, João Cardoso, João Castro, João Pedro Vaz, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Mário Santos, Miguel Loureiro, Paulo Freixinho, Paulo Calatré, Pedro Almendra, Pedro Frias assistência de encenação João Castro produção TNSJ classificação etária Maiores de 12 anos
Na hora de eleger o seu primeiro texto enquanto Director Artístico do TNSJ, Nuno Carinhas opta por regressar a Gil Vicente, depois de em 2007 ter organizado a extroversão de Beiras. A escolha incide sobre um auto de forte pendor religioso, escassamente frequentado por leitores e encenadores: Breve Sumário da História de Deus. Estreado na corte de D. João III “na era do Senhor de 1527”, o auto propõe um especioso mosaico de passos das Sagradas Escrituras – da Queda do Homem à Ressurreição de Cristo – e possui uma densidade retórica que, cruzando a exaltação lírica e o impulso satírico, amplia as potencialidades de representação muito para lá do mero intuito doutrinal. Da adoração de Abel à “voz que clama no deserto” de João Baptista, passando pelas provações de Job ou pelas profecias de Isaías, Vicente promove um casting bíblico para contar (usemos, para efeitos promocionais, o título de um dos blockbusters de Hollywood) a maior história de todos os tempos. Também habitado por figuras malignas e pelas alegorias do Mundo, do Tempo e da Morte, Breve Sumário da História de Deus revela-nos, afinal, a misteriosa condição de criaturas cuja desesperada humanidade se redime na esperança de Deus.

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