Pinturas de Sara Maia a partir de "O Diálogo no Pântano", de Marguerite Yourcenar


Pequena peça escrita por Marguerite Yourcenar aos 27 anos, O Diálogo no Pântano inspira-se numa lenda italiana da Idade Média. Nela, uma nobre de Siena é enclausurada pelo marido ciumento num castelo cercado por um pântano e aí abandonada à sua sorte. A jovem Yourcenar retomou o tema para escavar a psicologia das duas principais personagens, mostrando-nos o marido, doze anos mais tarde, em busca do castelo de cuja exacta localização não é mais capaz de lembrar. Encontrará uma mulher, mas a incerteza quanto à sua identidade e à sua verdadeira natureza (é uma ilusão, um espectro?) – tema que, afinal, atravessará a obra futura da romancista – coloca-nos num território movediço, em que realidade e sonho, razão e loucura se permeiam mutuamente. A convite de Nuno Carinhas, a artista plástica Sara Maia encena o texto de Yourcenar em sete peças de grande formato, numa exposição – Role-Playing – que ocupará essa espécie de castelo rodeado de pântanos que é o Mosteiro de São Bento da Vitória. No enredo e na natureza das personagens, Sara Maia encontrou matéria-prima para prosseguir a sua “série de pequenos teatros” (como lhe chamou a poetisa Ana Marques Gastão), onde o sarcasmo convive com a ambiguidade, a fantasia com a crueldade, e o grotesco com o enigmático.

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