ATEM le souffle

 
O primeiro fator de inquietação em ATEM le souffle advém do dispositivo: um teatro miniatural, cuja plateia é constituída por sete filas (para um máximo de 60 espectadores) e um palco que consiste numa caixa preta elevada com quatro metros de largura e três de profundidade. É neste exíguo paralelepípedo – cuja simplicidade oculta a existência de aberturas, passagens, nichos e fundos falsos – que Josef Nadj nos propõe uma experiência simultaneamente espetacular e íntima. À luz de velas, o coreógrafo francês partilha o ínfimo palco com a bailarina Anne-Sophie Lancelin, operando sobre objetos, vestígios e sinais para construir um teatro da atenção e do detalhe, repleto de pequenos acontecimentos vivos. Ao mesmo tempo que relança alguns tópicos nucleares do seu universo artístico – a exploração de materiais e a sua transformação, os elementos e o cosmos, e a questão do tempo, cíclico ou linear –, Josef Nadj aborda, pela primeira vez, duas das suas primordiais fontes de inspiração artística: as gravuras de Albrecht Dürer (em especial Melencolia I) e a obra poética de Paul Celan. Coproduzido pelo TNSJ, ATEM le souffle assinala o regresso do artista de origem sérvia ao Porto, depois de em 2011 ter apresentado Les Corbeaux – espetáculo de uma intensidade verdadeiramente hipnótica – no festival Odisseia.

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